Os sentidos e o processo criativo
Abrindo 2023 com uma leitura deliciosa !
Vem mergulhar junto nesta aventura de antropologia e arte. Desta vez o antropólogo, se deixa imergir no mundo a fim de sentir-se dentro e não diante dele. Ele nos mostra que o indivíduo não toma consciência de si senão através do sentir, que ele faz a experiência de sua existência por ressonâncias sensoriais e perceptivas. Dessa forma todo homem caminha num universo sensorial ligado ao que sua cultura e sua história pessoal fizeram de sua educação, cada sociedade desenhando uma “organização sensorial” que lhe é própria.
“Todo homem caminha num universo sensorial ligado àquilo que sua história pessoal fez de sua educação.percorrendo a mesma floresta indívíduos diferentes não são sensíveis aos mesmos dados. Existe a floresta do coletor de champignoms, do passeante, do fugitivo, a floresta do índio, do caçador, do guarda-florestal, dos apaixonados, dos extraviados, dos ornitólogos; a floresta igualmente dos animais ou da árvore, do dia e a da noite. Mil florestas na mesma, mil verdades de um mistério que se esquiva e que jamais se dá senão em fragmentos”
O autor abre o livro falando dos Aiviliks que dispõe de diversos termos para designar os sopros do vento ou a contextura da neve. Na cosmologia deste povo o mundo foi criado pelo som.
Disto implica que a audição é primordial e eles dizem ouvir o lugar. Seu conceito de espaço é portanto diferente de nós que utilizamos o olhar como principal forma de reconhecimento do ambiente.
Merleau Ponty dizia : “Meu corpo é a mesma carne do mundo” como esta carne é tecida nas formas de vida cotidiana de cada pessoa. Vamos fazer no percurso da leitura do livro esta investigação sentido à sentido .
Vem junto, traga suas sensações e histórias, inclusive o sem sentido se for assim que estiver vivendo atualmente. O pesquisador também tem um livro sobre a vontade de desaparecer, de sair de si.
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